Um fim de 2019 incrível, e um início de 2020 não menos melhor.
Esta é a primeira vez que tenho alguém a “escrever” por mim neste blog. Obrigado Paulo R. Cabral pela excelente reportagem fotográfica.
Um Natal nos Açores, ou como o Pai Natal trocou as botas de cano pelos chinelos é um divertido livro escrito por mim e ilustrado pela Sara Azad, onde podemos acompanhar a viagem do Pai Natal aos Açores, terra pela qual se apaixona irremediavelmente e de onde dificilmente quererá voltar a sair. Mas deste ponto só estou desconfiado. O melhor é aparecer na apresentação do livro, no dia 7 de Dezembro, na Livraria Letras Lavadas, no Largo da Matriz. Também sei que a editora pode fazer um preço especial de pré lançamento e que pode enviar para todo o mundo. Compre este livro na Letras Lavadas
Descubra os Açores que ainda mais ninguém viu.
A não ser eu e a Sara, e o Jaime que fez a capa, e o Luís Almeida que é o director editorial, e o Ernesto que é o maior gráfico do país, e a Ana Oliveira (que é um braço direito melhor que o meu braço direito), e a Margarida, a minha mulher, e os meus filhos, o António, o Sebastião e a Frederica. Creio que o Ricardo, amigo do peito e de outras partes também. Ahhh e o Emanuel que o reviu. Pronto, foram só esses. Creio.
The Championships 2019. Held at The All England Lawn Tennis Club, Wimbledon. Credit: AELTC/Thomas Lovelock.
Não há volta a dar. Estou destroçado. Pior do que eu só a Mirka e o Roger, tenho a certeza. Quem me conhece bem sabe o quanto gosto de ténis. Fui um jogador satisfaz menos, mas sou hoje um adepto satisfaz mais. Percebo o jogo, os jogadores, os perfis, as estratégias, as tácticas, os treinadores, os treinos, as superfícies, os torneios, as bolas, as condições, o público e a história da modalidade. Sim, estou num ponto bastante avançado da compreensão do jogo em si. E ontem foi um dia muito difícil para nós os 3. Federer fez mais pontos, mais pontos ganhantes e mais jogos. Tudo em condições normais apontaria para a sua vitória. Mas no fim, ganhou o Djokovic porque simplesmente ganhou os pontos mais importantes. Nomeadamente um deles, um que é quase aristocrata. Joga-se como quase todos os outros pontos, para ganhar! Mas este pontinho é o rei e chama-se match point. É ele que encerra aquela contenda, que sabemos quando começa, mas não sabemos quando acaba.
Novak Djokovic (SRB) celebrates as he wins against Roger Federer (SUI) in the final of the Gentlemen’s Singles on Centre Court. The Championships 2019. Held at The All England Lawn Tennis Club, Wimbledon. Day 13 Sunday 14/07/2019. Credit: AELTC/Ben Solomon
Numa visita recente que fiz à Nova Gráfica tropecei neste livro que tinham acabado de imprimir, O Bracinho, de Carlos Tomé, que será lançado no dia 26 de Março, pelas 18h30 no Teatro Micaelense. Mais que seduzido pelo título, resultante de uma certa ideia de cultura popular que existe na ilha de São Miguel no que diz respeito às alcunhas que atribuímos às pessoas, resultado de uma aperência particular ou mesmo de uma deficiência. Eu tive um amigo que era o Pescoço, outro que era o Cabeleira, o Escova, o Marreta. Enfim, como tal mordi logo o isco, como se fosse eu caça grossa, mal sabe o Carlos que tenho pouco mais que 50 quilos. Só parei quando cheguei à última palavra, da última linha, do último capítulo do livro. Impressionado, claro. Muito impressionado.
Agora que a poeira já assentou e já tomei um banho, consigo explicar um primeiro ponto:
– A história do Bracinho podia acontecer em qualquer lugar do mundo. Mas acontece no Açores. As grandes histórias que li de grandes autores passam-se naturalmente longe daqui. Por exemplo, a Pomba, que é uma excelente ensaio ficcional sobre ansiedade, passa-se em Paris. Eu bem sei que sempre terei Paris, mas também sei que não é minha. Os Açores são. O texto ganha uma força emocional impossível de conter. Eu conheço a paisagem, a geografia, as camionetas, o Senhor Santo Cristo dos Milagres e a suas mil e uma facetas, conheço a cultura, a linguística, a tradição, que não é uma tradução. Entra direto do Carlos para mim, sem intermediários, sem necessidade de explicações, sem ruído, apenas se ouve o som que o Milhafre faz quando rasga os ceús. E que porte tem ele.
Penso que pesam muito dois factores na escrita do Carlos, o jornalismo, o atalhar a direito, e a maturidade que resultam num arranque de livro impressioanante. Daqueles que sabemos que quando se pega, só não se sabe como se vai largar da mão. E claro a história lá continua cheia de ritmo, dinâmica e pulso. O Carlos não tem necessidade de ter graça, não procura ter, porque a tem naturalmente. A Carlos sabe dosear a expressões e coloquialismos na dose certa para não ser espampanante ou exibicionista, mas também para não ser omisso na ideia de existência de uma cultura linguística em São Miguel e Açores e que acredito mesmo existir.
O Carlos é despojado. Está ao serviço da história, e que serviço nos presta, ao longo das 155 páginas, que podiam ser 300, mas acredito valerem muito mais como 155, num texto uno, dinâmico, com pormenores deliciosos, como um à volta das unhas da mão, ou um outro em que se fala de um suposto diário onde simplesmente se escreveria: Nada de novo a dizer. Um piscar de olho a um grande autor, Kafka, que tem várias entradas destas no seu diário, muitas delas espaçadas por meses. É assim a vida de um autor quando é a história que o escolhe. Temos que ter paciência e saber esperar, que é coisa que não vou saber fazer relativamente ao próximo livro do Carlos Tomé.
Obriga-nos a conhecer factos, eventos ou efemérides que aconteceram antes de a gente nascer. E o que é que interessa o que aconteceu antes de a gente nascer? Nada. Absolutamente nada.
Mas a Betty arrasa com tudo e todos.
Esta é a nova página do famoso autor… de várias multas de estacionamento e que atingiu finalmente o pico da carreira. Depois a camioneta desce até à cidade de Ponta Delgada, largando aí os passageiros. Para comemorar a efeméride, vou oferecer dois exemplares dos meus dois livros a quem adivinhar, em primeiro lugar, o local onde me encontro nesta fotografia. Tenho a esperança que alguém acerte.
Para o Diabo não haviam dúvidas. Aquilo era alemão, assim soprado ao de longe da cidade, do lado de baixo do Equador Carneiro, no meio da madrugada, altura em que antes acordava para ir beber 6 marrecas seguidas ao Carneiro. Agora que deixou a bebida, aparentemente acorda para ouvir falar alemão ao longe, cães a latir, vacas a mugir, e gente a cortar relva desde muito cedo. Ainda se o que ouvisse fosse cubano… É que Cuba, desde a visita póstuma do Fidel Castro, tinha-se tornando numa plataforma giratória de catapultar cubanos para os Açores, nomeadamente para a Fajã de Cima. Era uma catapulta gigante, emprestada dos livros do Astérix e Obélix, só que em vez de catapultarem romanos, catapultavam cubanos. Uns vieram com maracas nas mãos, outras de saia rodada. Catapultaram chicharrónes, fufú de plátano, como se não existissem bananas suficientes na Fajã de Cima, e ainda catapultaram um Chevrolet Bel-Air de 1957, com jantes de baixo perfil.
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